Sede da Cúria Arquidiocesana de São Luís |
Os arcebispos que fazem parte do centenário da Arquidiocese de São Luís |
Destaca-se também o protagonismo da Igreja, como o exercido durante a ditadura militar e que havia intensa restrição à liberdade, repressão aos opositores do regime e censura. Este foi um período do aumento de mobilizações sociais em todo o país, inclusive no Maranhão.
Nesse contexto, a Igreja Católica no estado, teve efetiva atuação, como expresso no relato do doutor em Sociologia (Universidade Federal da Paraíba), Jesus Marmanillo Pereira, em seu estudo Ditadura Militar e Direitos Humanos em São Luís (MA): ritos e bases de uma organização de defesa de direitos.
Na pesquisa, ele afirma que a bandeira da defesa dos direitos humanos vinha sendo defendida frequentemente no estado do Maranhão por uma ação conjunta que envolve o clero, os estudantes, muitos integrantes do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e alguns esquerdistas que se encontravam aparentemente inativos, até fins de 1977.
Pereira descreve que as ações iniciais partiram do Arcebispo Metropolitano dom João José da Motta e Albuquerque, o qual, por ocasião das comemorações do tricentenário da Diocese de São Luís, trouxe à capital do Maranhão, dom Cândido Padim e dom Helder Câmara.
A partir de então há um vertiginoso crescimento de uma militância católica no estado. De modo, que alguns setores da Igreja passaram a assumir posições de apoio às lutas populares, com questionamentos referentes às injustiças sociais, como a preocupação com os conflitos nos campos.
Nesse contexto, destaca-se a atuação de dom Delgado (4° arcebispo da Arquidiocese de São Luís). Preocupado com a assistência aos pobres, o arcebispo criou a Fundação da Cooperativa Banco Rural do Maranhão. A organização teve como finalidade ceder crédito em dinheiro para suprir o trabalhador.
Ele criou também a Missão Intermunicipal Rural Arquidiocesana (MIRA), que por sua vez tinha a finalidade de auxiliar as comunidades rurais nos níveis material, intelectual, social, moral e religioso.
Essas iniciativas contribuíram para a criação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975. A CPT tinha como finalidade combater os conflitos no campo, tendo em vista que não havia organizações autônomas do setor que pudessem acolher a luta pela terra. Além dos movimentos já citados no meio rural, houve também: a Animação dos Cristãos no Meio Rural (ACR), a Juventude Agrária Católica (JAC) e o Movimento de Educação de Base (MEB).
A influência na educação
Lançamento da Tômbola (espécie de loteria para fins beneficentes), pelo Jornal do Maranhão de 10 novembro de 1957. Créditos: Livro Faculdade de Medicina do Maranhão, autor Natalino Salgado Filho. |
- em 1948, a Escola de Enfermagem São Francisco de Assis em conjunto com as Irmãs Terceiras Capuchinhas e representantes da elite médica no Maranhão;
- em 1952, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em conjunto com a Academia Maranhense de Letras (AML), ofertando os cursos de Filosofia, Pedagogia, Línguas Neolatinas, História e Geografia;
- em 1953, o curso de Serviço Social;
- em 1955, foi criada a Sociedade Maranhense de Cultura Superior (SOMACS), um órgão mantenedor dos cursos de nível superior já existentes na Arquidiocese;
- em 1957, a Faculdade de Ciências Médicas;
- em 1966, foi criada a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), originária da SOMACS.
A influência na comunicação
Outra valiosa contribuição advinda da Arquidiocese de São Luís para a sociedade foi no âmbito das comunicações. Nesse contexto, desponta o jornal impresso como principal veículo de comunicação de massa.
E a Igreja local inaugura o jornal O Correspondente, ainda na gestão do primeiro arcebispo, dom Otaviano Albuquerque, em 1924. O jornal Iniciou suas atividades como periódico semanal, com a finalidade de manter a sociedade local informada a respeito das notícias da própria Igreja e da sociedade em geral.
Na década de 1930, já na gestão de dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta (2° arcebispo), o jornal recebe o nome pelo qual é conhecido hoje, Jornal do Maranhão, desta vez com circulação diária.
Com a necessidade de fazer chegar as informações da arquidiocese a um número maior de pessoas, e aproveitando a popularidade que o rádio estava ganhando em meio à sociedade, viu-se a necessidade da inserção da Igreja local em mais um veículo de comunicação.
Assim, surgiu a Rádio Educadora do Maranhão Rural. O projeto foi idealizado por dom Delgado em conjunto com membros do clero e leigos. O registro da rádio ocorreu em 24 de julho de 1960. Mas a sua primeira transmissão foi apenas em 1966, na gestão de dom João Motta (5° arcebispo).
O clero
A respeito da evolução clerical na arquidiocese, o que pode ser contabilizado é que em 1917, ainda como bispado, o clero de São Luís estava em um número de 30 sacerdotes ao total, sendo que destes, 4 eram capuchinhos e 4 lazaristas. Já o seminário contava com um número de apenas 12 alunos. Em 1938, a situação no seminário se modifica, pois o número de seminaristas havia subido para aproximadamente 100.
Nesse sentido, é notório que no desdobramento da trajetória arquidiocesana, cada arcebispo foi dando a sua contribuição para a formação clerical. Auxílio de modo diverso, seja com movimentos para atrair novas vocações ou para angariar fundos para a subsistência do seminário, ou ainda, para as suas reformas.
De certo é que todo novo arcebispo que assumia a gestão da Igreja local desprendia uma atenção especial a esta causa. Hoje, a arquidiocese conta com um número de 53 sacerdotes incardinados e residentes.
Durante esses 100 anos de elevação, grande foi a contribuição da arquidiocese para a sociedade, como pode ser observado no trecho extraído do livro História Eclesiástica do Maranhão de dom Felipe Condurú, bispo da Diocese de Parnaíba (1946 – 1959). “Não só São Luís se sentiu hierarquicamente dignificada, como muito lucraram cívica e religiosamente as populações abrangidas pela nova circunscrição prelatícia”.
Importante ressaltar que, quando escreveu estas palavras, dom Felipe Condurú, grande intelectual e escritor, não fazia ideia do quão valiosa seria a contribuição desta arquidiocese para a cidade de São Luís. De instituições de ensino a veículos de comunicação, a arquidiocese, durante estes 100 anos, conseguiu exercer uma contribuição efetiva para a sociedade local.
Por ASCOM da Arquidiocese de São Luís – MA
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