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100 anos de história, contribuição e riqueza da Arquidiocese para o povo ludovicense

Sede da Cúria Arquidiocesana de São Luís

Dia 2 de dezembro, a Igreja local comemora o centenário de elevação à Arquidiocese de São Luís. No decorrer deste longo período, a evolução deste processo ocorreu em vários níveis, tais como: o humano, espiritual e estrutural.

Os ganhos, porém, não foram obtidos apenas para a Igreja, pois em São Luís, a arquidiocese trouxe muitas contribuições para a sociedade, inclusive no cenário educacional. Nas próximas linhas será apresentado um itinerário histórico da vida dessa jovem senhora: a Arquidiocese de São Luís.

História

No início, entre os anos de 1614 e 1622, o Maranhão pertencia à prelazia (estrutura divisória semelhante às dioceses) de Pernambuco, passando posteriormente à da Bahia e apenas 55 anos depois, no dia 30 de agosto de 1677, a Igreja de São Luís obtém o título de diocese, subordinada à Arquidiocese de Lisboa (Portugal).

Com a expulsão dos jesuítas em 1759, os bens da Companhia passaram à coroa. Em 1761, a antiga Sé foi demolida para arejar o largo em frente ao Palácio dos Governadores. Créditos: Gravura da Catedral de São Luís, por Bernard Lemercier (Biblioteca Nacional Digital, Portugal).


A feição decorativa atual do palácio é derivada de uma reforma no século XIX. A fachada da catedral foi alterada no início do século XX, quando ganhou duas torres. Créditos IBGE

Muitos anos se passaram para que a capital do Maranhão recebesse o título de arquidiocese. E isto se deu com a chegada de dom Helvécio Gomes de Oliveira (24° Bispo do Maranhão). Ele exerceu uma administração promissora na então diocese de São Luís ao incentivar a catequese, realizar ações de melhorias ao seminário, além de captar novos alunos.

Outro ponto marcante da gestão de dom Helvécio foi a ordenação, em pouco tempo de governo, de 8 sacerdotes preparados pelo seu antecessor, dom Francisco de Paula e Silva, entre os anos de 1918 e 1921. Devido à notória gestão do bispo, a Arquidiocese de São Luís passou a ter aproximadamente 207.000 km² do território maranhense com cerca de um milhão e meio de habitantes. Como reconhecimento de seu trabalho, em 1926, dom Helvécio foi nomeado Conde Romano e assistente do Sólio Pontifício. Sendo assim, transferido para assumir seu novo cargo e dando vez a dom Otaviano Pereira de Albuquerque – 25° bispo e o 1° arcebispo do Maranhão.

Dom Otaviano Pereira de Albuquerque, primeiro arcebispo de São Luís (1922 – 1935).

O início como arquidiocese

No decorrer dos anos, a contribuição da arquidiocese para a sociedade ludovicense foi bastante efetiva. À medida que um novo arcebispo assumia a gestão da Igreja local, ações pontuais eram implementadas a fim de sanar a necessidade vigente ou, em alguns casos, com um instinto visionário. Não apenas os arcebispos contribuíram naquela nova empreitada, mas também os leigos, unindo forças em grupos e movimentos.

Os arcebispos que fazem parte do centenário da Arquidiocese de São Luís

Destaca-se também o protagonismo da Igreja, como o exercido durante a ditadura militar e que havia intensa restrição à liberdade, repressão aos opositores do regime e censura. Este foi um período do aumento de mobilizações sociais em todo o país, inclusive no Maranhão.

Nesse contexto, a Igreja Católica no estado, teve efetiva atuação, como expresso no relato do doutor em Sociologia (Universidade Federal da Paraíba), Jesus Marmanillo Pereira, em seu estudo Ditadura Militar e Direitos Humanos em São Luís (MA): ritos e bases de uma organização de defesa de direitos.

Na pesquisa, ele afirma que a bandeira da defesa dos direitos humanos vinha sendo defendida frequentemente no estado do Maranhão por uma ação conjunta que envolve o clero, os estudantes, muitos integrantes do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e alguns esquerdistas que se encontravam aparentemente inativos, até fins de 1977.

Pereira descreve que as ações iniciais partiram do Arcebispo Metropolitano dom João José da Motta e Albuquerque, o qual, por ocasião das comemorações do tricentenário da Diocese de São Luís, trouxe à capital do Maranhão, dom Cândido Padim e dom Helder Câmara.

A partir de então há um vertiginoso crescimento de uma militância católica no estado. De modo, que alguns setores da Igreja passaram a assumir posições de apoio às lutas populares, com questionamentos referentes às injustiças sociais, como a preocupação com os conflitos nos campos.

Nesse contexto, destaca-se a atuação de dom Delgado (4° arcebispo da Arquidiocese de São Luís). Preocupado com a assistência aos pobres, o arcebispo criou a Fundação da Cooperativa Banco Rural do Maranhão. A organização teve como finalidade ceder crédito em dinheiro para suprir o trabalhador.

Ele criou também a Missão Intermunicipal Rural Arquidiocesana (MIRA), que por sua vez tinha a finalidade de auxiliar as comunidades rurais nos níveis material, intelectual, social, moral e religioso.

Essas iniciativas contribuíram para a criação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975. A CPT tinha como finalidade combater os conflitos no campo, tendo em vista que não havia organizações autônomas do setor que pudessem acolher a luta pela terra. Além dos movimentos já citados no meio rural, houve também: a Animação dos Cristãos no Meio Rural (ACR), a Juventude Agrária Católica (JAC) e o Movimento de Educação de Base (MEB).

A influência na educação

Lançamento da Tômbola (espécie de loteria para fins beneficentes), pelo Jornal do Maranhão de 10 novembro de 1957. Créditos: Livro Faculdade de Medicina do Maranhão, autor Natalino Salgado Filho.

Cada arcebispo que passou pela administração da Igreja de São Luís contribuiu, a seu modo, para o desenvolvimento dela. Dom Delgado, em sua gestão, por exemplo, conseguiu empreender várias iniciativas no meio social.

Pode-se destacar a sua contribuição no âmbito da educação. Foi por iniciativa de dom José Medeiros Delgado que muitas instituições de ensino nasceram na cidade. Algumas em parceria, entre elas:
  • em 1948, a Escola de Enfermagem São Francisco de Assis em conjunto com as Irmãs Terceiras Capuchinhas e representantes da elite médica no Maranhão;
  • em 1952, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em conjunto com a Academia Maranhense de Letras (AML), ofertando os cursos de Filosofia, Pedagogia, Línguas Neolatinas, História e Geografia;
  • em 1953, o curso de Serviço Social;
  • em 1955, foi criada a Sociedade Maranhense de Cultura Superior (SOMACS), um órgão mantenedor dos cursos de nível superior já existentes na Arquidiocese;
  • em 1957, a Faculdade de Ciências Médicas;
  • em 1966, foi criada a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), originária da SOMACS.

A influência na comunicação

Outra valiosa contribuição advinda da Arquidiocese de São Luís para a sociedade foi no âmbito das comunicações. Nesse contexto, desponta o jornal impresso como principal veículo de comunicação de massa.

E a Igreja local inaugura o jornal O Correspondente, ainda na gestão do primeiro arcebispo, dom Otaviano Albuquerque, em 1924. O jornal Iniciou suas atividades como periódico semanal, com a finalidade de manter a sociedade local informada a respeito das notícias da própria Igreja e da sociedade em geral.

Na década de 1930, já na gestão de dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta (2° arcebispo), o jornal recebe o nome pelo qual é conhecido hoje, Jornal do Maranhão, desta vez com circulação diária.

Com a necessidade de fazer chegar as informações da arquidiocese a um número maior de pessoas, e aproveitando a popularidade que o rádio estava ganhando em meio à sociedade, viu-se a necessidade da inserção da Igreja local em mais um veículo de comunicação.

Assim, surgiu a Rádio Educadora do Maranhão Rural. O projeto foi idealizado por dom Delgado em conjunto com membros do clero e leigos. O registro da rádio ocorreu em 24 de julho de 1960. Mas a sua primeira transmissão foi apenas em 1966, na gestão de dom João Motta (5° arcebispo).

O clero

A respeito da evolução clerical na arquidiocese, o que pode ser contabilizado é que em 1917, ainda como bispado, o clero de São Luís estava em um número de 30 sacerdotes ao total, sendo que destes, 4 eram capuchinhos e 4 lazaristas. Já o seminário contava com um número de apenas 12 alunos. Em 1938, a situação no seminário se modifica, pois o número de seminaristas havia subido para aproximadamente 100.

Nesse sentido, é notório que no desdobramento da trajetória arquidiocesana, cada arcebispo foi dando a sua contribuição para a formação clerical. Auxílio de modo diverso, seja com movimentos para atrair novas vocações ou para angariar fundos para a subsistência do seminário, ou ainda, para as suas reformas.

De certo é que todo novo arcebispo que assumia a gestão da Igreja local desprendia uma atenção especial a esta causa. Hoje, a arquidiocese conta com um número de 53 sacerdotes incardinados e residentes.

Durante esses 100 anos de elevação, grande foi a contribuição da arquidiocese para a sociedade, como pode ser observado no trecho extraído do livro História Eclesiástica do Maranhão de dom Felipe Condurú, bispo da Diocese de Parnaíba (1946 – 1959). “Não só São Luís se sentiu hierarquicamente dignificada, como muito lucraram cívica e religiosamente as populações abrangidas pela nova circunscrição prelatícia”.

Importante ressaltar que, quando escreveu estas palavras, dom Felipe Condurú, grande intelectual e escritor, não fazia ideia do quão valiosa seria a contribuição desta arquidiocese para a cidade de São Luís. De instituições de ensino a veículos de comunicação, a arquidiocese, durante estes 100 anos, conseguiu exercer uma contribuição efetiva para a sociedade local.

Por ASCOM da Arquidiocese de São Luís – MA

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