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A desigualdade social no Brasil


O Brasil começou a existir não como um estado ou uma nação. O Brasil começou a existir e a funcionar como um empreendimento empresarial e comercial. Este Estado Empresa Brasil é responsável pela implantação e manutenção das contradições politicas, econômicas, jurídicas e sociais ao longo da sua historia e presentes até os dias atuais. De fato, o Brasil nasceu da desigualdade pela escassez socialmente criada e institucionalizada da terra e pela escravidão da mão de obra indígena e negra.

Mais ou menos assim, inicia-se o segundo caderno “Pensando o Brasil”, publicado pela Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB. Estudiosos da formação da sociedade brasileira, como Gilberto Freire e outros, já chamaram a atenção para esse paradigma socieografico, visível e presente até os dias de hoje – a casa grande e a senzala.

No debate sobre a desigualdade no Brasil, existem diferentes analises. Alguns chamam a atenção para o fato de que, segundo eles, essa desigualdade tem se diminuído nos últimos anos. Já outros afirmam que os resultados são frágeis e que os dados a respeito dessa diminuição são poucos seguros. Que houve um crescimento da renda dos brasileiros são se pode negar. Este fato, porem assim afirma o texto da CNBB, esta relacionado com o aumento do salario mínimo, sendo que os programas de transferência de renda tem um papel menor.

Embora apresentando resultados inegáveis, as politicas públicas de inclusão social desenvolvida pelo governo brasileiro apresentam limites. A título de comparação: o valor de benefícios pagos através do programa de transferência de renda Bolsa Família é insignificante, representando 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), quando, por exemplo, comparado com os juros da dívida publica que representam 5% do PIB.

Mais há outro problema. O que se verificou nos últimos anos, conforme pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, foi uma inclusão de parte da população no mercado de consumo sem, porém, reformas estruturais. Segundo a referida pesquisa, a maioria dos entrevistados declarou que a vida melhorou nos últimos cinco anos. Isso de um lado. De outro, 79% dos entrevistados declararam que estão insatisfeitos ou mais insatisfeitos com a saúde; 66%, com a educação; 80% com a segurança pública; 73%, com o transporte público.

Conclusão: a vida parece ter melhorado só dentro de casa; do lado de fora não! Ou como diz o texto da CNBB: “Se houve uma pequena inclusão no mercado de consumo, não houve e não há, todavia mudanças de ordem estrutural que garantam uma conquista em termos de cidadania, com acesso a serviços e bens públicos para a população das senzalas de hoje”.

Concluo, com o mesmo texto, que “não é suficiente vencer a fome ou afastar a pobreza, mais se trata de construir um país em que todos, sem exceção, possam viver uma vida plenamente humana”.

- Dom José Belisário da Silva
Arcebispo da Arquidiocese de São Luís – Ma.

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