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A Vitória de Cristo sobre a morte

O Sábado Santo é um dia cheio de grande significado. Não é o “sábado de aleluia”, mas o sábado do repouso junto do túmulo do Senhor, em que a Igreja medita a Paixão, a Morte e a descida à mansão dos mortos do seu Redentor e aguarda, no jejum e na oração, a Sua Ressurreição. Para além da reunião da comunidade para a oração, não há qualquer outra celebração, a não ser o carácter do próprio dia. Cristo dorme no sepulcro; desce aos infernos onde o esperam os justos do Antigo Testamento e lhes anuncia a sua salvação próxima e sua ascensão com Ele ao céu.

O Sábado Santo é o dia que liga a Sexta-feira Santa da Paixão e Cruz do Senhor ao dia da Ressurreição, segundo o ensinamento da Igreja expresso na sua tradição litúrgica, não se dá uma simples substituição. A Igreja proclama que Cristo venceu a morte pela morte; isto quer dizer que, antes mesmo da Ressurreição, coloca-se um acontecimento no qual a tristeza não é simplesmente substituída pela alegria, mas ela própria é transformada em alegria. O Sábado Santo é precisamente este dia de transformação, o dia em que a vitória germina de dentro mesmo da derrota, uma vez que antes da Ressurreição nos é dado contemplar a morte da própria morte.

A morte do Cristo é a prova suprema de seu amor pela vontade de Deus, de sua obediência ao Pai. Ela é um ato de pura obediência, de confiança total nessa vontade; é precisamente essa obediência até o fim, essa perfeita humildade do Filho que é o fundamento e o começo de Sua vitória. O Pai deseja essa morte, o Filho a aceita, revelando, assim, uma fé incondicional na perfeição da vontade do Pai e na necessidade desse Sacrifício do Filho pelo Pai.

O universo inteiro se tornara um cemitério cósmico e estava condenado à destruição e ao desespero. Eis porque “o último inimigo é a morte” (l Cor 15,26) e sua destruição constitui a meta final da Encarnação. O encontro com a morte é “a hora” do Cristo, da qual ele dizia: “Foi precisamente para esta hora que eu vim” (Jo12, 27). E agora ela chegou, e o Filho de Deus penetra no interior da morte. Os Padres da Igreja descreveram geralmente esse momento como um duelo entre o Cristo e a morte, entre o Cristo e Satanás, pois essa morte devia ser o último triunfo de Satanás ou sua derrota decisiva.

Cristo aceita livremente a morte, e de Sua vida Ele diz que “Ninguém a tira de mim, mas eu mesmo a dou” (Jo 10, 18). Isso não foi sem lutas; Ele ficou triste e abatido, em Sua Agonia no Getsêmani. Assim se cumpre a medida plena de Sua obediência, assim se acha destruída a raiz moral da morte, como ranço do pecado. Toda a vida de Jesus está em Deus, como toda a vida humana o deveria; e é esta plenitude de vida, esta vida rica de sentido e conteúdo, repleta de Deus, que triunfa da morte e destrói seu poder. Pois a morte é antes de tudo a ausência de vida, destruição da vida que se separou de sua única fonte. A Morte de Jesus Cristo é um gesto de amor a Deus, um ato de obediência e de confiança, de fé e de perfeição. Ela é um ato de vida (“Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito” – Lc 23,46) que destrói a morte.

Este é o sentido da descida de Jesus ao mundo dos mortos, a Sua morte que se torna Sua vitória. E a luz desta vitória ilumina agora nosso velar junto ao túmulo: a vida entra no reino da morte; a luz divina inunda as trevas tenebrosas e ela brilha para todos aqueles que aí habitam, pois Cristo é a vida de todos, única fonte de toda vida. Ele morre por todos… é o encontro da vida de todos com a morte de todos. A tristeza e alegria se entregam ao combate, e, agora, a alegria está a ponto de ganhá-lo. O diálogo, o duelo entre a vida e a morte, está no final.

Desde já a alegria pascal começa a iluminar o dia. Nós estamos ainda diante do Cristo no túmulo, mas este nos foi revelado como o túmulo que dá a vida. Nele jaz a vida. Nele, uma nova Criação nasce.

Sendo assim a noite do Sábado Santo é a “mãe de todas as vigílias”, a celebração central de nossa fé, nela a Igreja espera, velando, a ressurreição de Cristo, e a celebração nos sacramentos.

Fonte: Kátia Maria Bouez Azzi (Comunidade Católica Pantokrator) (Adapatado)

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