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Paixão de Cristo: Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo

A Igreja celebra, acompanhando os passos de Jesus Cristo, fazendo memória de sua Paixão e Morte na cruz na Sexta-Feira Santa. A humanidade sensibilizada e reconhecida, para adiante do Filho de Deus, nascido da Virgem Maria que “passou a vida fazendo o bem a todos”. O justo é condenado por júri injusto: testemunhas falsas, torturas, autoridade lavando as mãos covardemente, cenas de violência e de morte.

Na Sexta-Feira da Paixão, somos convidados a mergulhar nos mistérios da Páscoa da Paixão, participando da celebração da Palavra que tem como centro a narração da Paixão de Jesus, e como ponto culminante a “adoração da santa cruz”, após a oração universal.

No silêncio deste dia, contemplamos e adorando o Crucificado, cheguemos ao reconhecimento de seu mistério: “de fato, esse homem era mesmo o Filho de Deus” (Mc 15,39). Solidários com os sofrimentos do divino Redentor e dos membros de seu Corpo, recebamos força para viver da esperança e da vitória que nasce da cruz e a contemplação do mistério do sofrimento nela, que se levanta ante os olhares humanos, brotam centelhas de esperança para os oprimidos pela dor.

A pregação da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que são salvos, ela é força de Deus (1 Cor 1,18). “A cruz é a realização mais perfeita das apalavras: ‘Meu Pai… não se faça como eu quero… faça-se a tua vontade” (Mt 26,42). A livre aceitação da cruz atesta o amor do Filho pelo Pai e a confiança em sua obra de salvação. A verdade do amor se prova mediante o sofrimento extremo na cruz.

João Evangelista, o amigo de Jesus, numa narrativa rica de detalhes, revela que, durante todo o processo que resulta na sua condenação e morte de cruz, Jesus é o Senhor de todos os atos. Mostra não tanto a condenação de um subversivo político, mas a hora da verdadeira glorificação do Filho de Deus. Sereno, ele se despede de seus amigos, de sua mãe que está junto à cruz e depois entrega o espírito.

As artimanhas políticas e religiosas das autoridades judaicas e romanas tinham por objetivo tirar a vida de Jesus, na verdade, permitiram que Jesus fosse elevado para Deus. Desde sua prisão, Jesus, serenamente, como “cordeiro levado ao matadouro, ele ficou calado, sem abrir a boca” (Is 53,7), entrega sua vida. “Dou a minha vida para depois retomá-la. Ninguém a arrebata de mim, mas eu a dou livremente” (Jo 10,17-18).

A morte de Cristo na cruz tornou-se uma fonte da qual brotam rios de água viva, nela e por ela, Deus amou tanto o mundo que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (cf. Jo 3,16).

A Sexta-Feira Santa não é um dia de luto. Apesar do silêncio respeitoso observado pela sociedade, a Igreja não celebra um funeral, mas a morte vitoriosa do Senhor, geradora de vida nova para os seus seguidores. Olhando para a cruz, a Igreja canta: “Vitória! Tu reinarás. Ó Cruz! Tu nos salvarás!”, pois neste dia em que Cristo nosso Cordeiro Pascal foi imolado, a Igreja, meditando a Paixão do seu Senhor e adorando a cruz, comemora o seu próprio nascimento do lado de Cristo que repousa na cruz e intercede pela salvação do mundo todo.

A proclamação da Palavra de Deus, em particular a narração da Paixão de Jesus Cristo é o elemento central e universal da liturgia da Sexta-Feira Santa. Da proclamação e escuta da Palavra, brota a oração de súplica a Deus para que, em sua misericórdia, recorde e santifique a Igreja, o Papa, os Bispos, os catecúmenos, os judeus, todos os que creem em Jesus Cristo, os que não acreditam, os governantes e todos os que sofrem provações.

Na solene adoração da santa cruz, trazida em procissão e apresentada à assembleia dos cristãos, a Igreja volta seu olhar para o mistério do calvário, isto é, para a obra da redenção realizada por Cristo pregado na cruz. Não se adora a cruz em si mesma, mas aquele que, do lenho da cruz, Aquele que doou sua vida para a nossa salvação.

“Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo. Vinde, adoremos!” Assim, “adoramos, Senhor, vosso madeiro; vossa ressurreição nós celebramos. Veio a alegria para o mundo inteiro, por esta cruz que hoje veneramos!”

O povo adora e aclama a vitória do amor sobre o ódio e a violência; da verdade sobre a mentira; da justiça de Deus sobre a injustiça dos poderosos. Beijando a cruz do Senhor, as pessoas manifestam seu compromisso solidário com a causa pela qual o Filho de Deus doou sua vida. Da causa de Jesus, um rei diferente, sem exércitos e sem súditos; cujo poder é o serviço; o trono é a cruz; a meta é a paz e a vida abundante para todos.

Na fé cristã, a Cruz é expressão do triunfo sobre o poder das trevas e, por isso, muitas vezes é apresentada com pedras preciosas e se tornou sinal de benção.

Fonte: Editora Vozes (Adapatado)

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